domingo, 15 de março de 2009

Cimento fresco em lágrimas

A menina tava de mão com a mãe, ouvindo a conversa dela com mais alguém que não importava bem saber.
De repente, seus cabelos finíssimos e loiros mexeram, ela foi ver de onde vinha aquele cheiro de cimento fresco que pairava no ar.
Liesel correu em direção ao local e olhou a textura daquele futuro solo.Teve vontade de desenhar, foi quando seu avô,dos lindos e miúdos olhinhos azuis se aproximou e fez a proposta.
Os dois escreveram seus nomes " Liesel e Vô Nonô" juntamente com a data.
A pequena talvez não tenha sabido interpretar, mas o avô que já sentia o peso da idade chegar com uma enorme velocidade, fixou o olhar nas escritas e pensou que estariam para sempre marcados ali.
A amizade destoante de duas gerações distantes, o carinho da mão com calos pegando na outra delicada para ensiná-la o valor das letrinhas e a vontade que todos nós temos de deixar nossas marcas.
Os olhos do velho enxeram-se de lágrimas que caíram no cimento formando uma poça em volta das assinaturas, mas o sol a secou.

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