sábado, 27 de março de 2010

Poesia marginal

Era uma vez o Hiato Criativo.
-Eis aqui um espaço em branco:








.melhor representado pelo meu cérebro.

sábado, 13 de março de 2010

Morna

Às vezes sinto que não vivo. Queria tanto viver...
Queria viver muito, o tempo todo. Queria me manter viva, estar viva.
Eu queria ser intensa, entregue na vida. Eu queria
ser
o tempo todo.
Eu queria ser excessiva.Cansar de mim.Eu queria ser toda excessos.
Eu queria ser profunda, intensa.
Queria gritar, ou ficar totalmente muda.
Eu queria amar amar amar amar. Odiar odiar odiar odiar.
Eu queria
estar
quando sou.
Mas eu tenho sempre a impressão de que apenas vagueio. Flutuo.
Eu tenho sempre a impressão de ser transparente.
Volátil, sinto-me um vapor, um gás,
no qual ninguém consegue tocar, pegar, com quem ninguém consegue estar.
Sinto ser em todos os lugares e não estar nunca.
Sinto estar em todos os lugares e não ser nunca.
Sinto estar diante de uma vitrine de mim.

terça-feira, 9 de março de 2010

Mas não tem jeito, meu bem.Chega uma hora na vida em que a gente tem que ser feliz, é inevitável.

Angústias compõem a vida. Não existe vida sem angústia e, quando há fases sem elas, é necessário tirarmos das mangas de camisa algo que nos angustie, nos questione, nos inquiete. Eu, pelo menos, sou assim. Pode ser algo como uma patologia, um masoquismo na alma, um nó na cabeça, mas eu sou assim. Guardo dentro de mim o que chamo de “conflitos-chave”, algo como questões fabulosas para eu me torturar, questionando, quando minha vida estiver em boa maré.
Naqueles momentos em que tudo estiver dando certo, tudo se arranjando e, então,bater aquele medo de,de repente,acontecer algo muito ruim, uma grande tragédia,enfim, nessas horas então eu vou e me consolo.Consolo-me justificando que ainda tenho muitas angústias na vida, muitas dificuldades. Vou lá e puxo os tais conflitos, para passar dias pensando, dias sofrendo, até aparecer algo maior e eu guardá-los.São questões que talvez eu saiba que eu nunca vou definir, nunca vou resolver. O tempo talvez vá passar e talvez elas se resolvam por si,tomem outro rumo, aí então,eu as buscarei pra sofrer do arrependimento. Mas o fato é esse : não sei se baseada em mim, mas eu creio que o ser humano tem essa necessidade de sofrer, nem que seja em pequenas doses de angústia própria, sofrimento mental, situações hipotéticas. Quando não se sofre “de verdade”, ou seja, passa-se fome, tem doença, morte de alguém amado, entre outros, cria-se.
Cria-se dor pra alimentar o viver.

...Mas não tem jeito, meu bem, chega uma hora na vida em que a gente tem que ser feliz, é inevitável.
E olhou pela janela
E percebeu que havia conquistado

tudo

o que queria:
letra, par, música, domingo,lugar, sorriso.

O que querer depois do tudo?

quinta-feira, 4 de março de 2010

o segredo

Possuía-se de uma alegria filha única, uma felicidade que morava toda em seu peito de uma forma ímpar. Ia andando como se cada passo fosse conduzir ao próximo segundo de êxtase da sensação. Não sabia de onde vinha, mas o riso a tinha toda por dentro.Seu corpo detinha uma radiosa energia luxuosa no meio da rua, o que provocava ser quase pedante a situação: Como poderia uma garota ali, sozinha, no meio da rua, sem motivo,ser dona daquele sentimento todo ?
Ao cruzar a esquina, viu-se mal iluminada na rua que ficava deserta ao passar das sete e um pouco depois de sair da sombra da árvore, em um trecho mal pegado pelos postes, ela não resistiu.
Ali sozinha, vendo ninguém, ela sorriu.
Como se sorrir sozinha, no meio da rua, fosse um ato clandestino. Como se a fossem julgar louca ou doente. Ela sorriu como quem cometia um crime, como quem amava em segredo, como quem abafa um suspiro.
Sorriu pra sentir.
Sorriu pra denunciar toda essa felicidade.

Seguidores