Logo que fechou o portão, remeteu-se a anos antes.
Sempre gostara da liberdade e fazia questão de abominar descaradamente tudo o que fosse contrário à arte de ser livre.
Quando ela sentiu o vento,depois de ter apertado o cadeado do velho portão enferrujado de sua casa,lembrou-se de uma história.
Quando tinha mais ou menos seis anos,não se sabe bem o porquê,ela disse a mãe que sairia de casa,mesmo já fazendo noite.
Arrumou algumas das pequeninas peças de roupa na sua mochila de personagem infantil,e disse que estava partindo.A mãe, achando ser mais um dos dengos de sua menina,esperou e a deixou para ver o que ela faria.
Isabela passou pela porta, fechou.Passou pelo portão,fechou.Trancou o cadeado que reluzia com as luzes da rua e foi descendo os degraus, com um pouco de receio,afinal, com seis anos, mal sabia ler...
Quando chegou ao pequenino portão,ao final da escada,ela viu um homem, que até hoje não se sabe se era real ou fruto da (já grande) imaginação da pequena. Aquele monstro do mundo real assustou a menina, que subiu e chegou sem fôlego, batendo o cadeado ao ferro do portão para a mãe abrir pra ela novamente.
Pode ser que ela tenha tido medo, não se sabe, mas o fato é que ela sabia que,dentro de alguns bons anos, ela desceria a escada e fecharia os portões e, encontrando ou não monstros,teria que sair.
O tempo passou...
Agora, ela estava ali, iria para o mundo, se esse não fosse pequeno para ela, ainda.
sexta-feira, 6 de março de 2009
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