sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Natal de Dois Mil e Nove.

E foi com uma trança de Dorothy que passei minha manhã de Natal. Após ela me trançar toda os cabelos, foi colocada uma fita verde no fim, como para combinar com o vestido.Achei bonito ficar assim.Foi como se eu fosse uma história.
E foi esperando e falando de Ana que passei meu Natal.
E, após tanta melancolia que a data me trouxe,
foi com votos de pessoas que aparentemente parecem que se perderam de mim, mas que aparecem para parecer que jamais se perderão, que fiquei bem, em paz.
Eu, minha trança e meu laço verde.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Falso Leblon, Big Brother, tô fora do ar.

Eu tô no meio do espaço. Eu tô em lugar nenhum.Eu tô em um ponto no meio.Eu tô em um lugar que não existe, onde nada existe. Nem a minha dor, nem a minha alegria. É tudo beirando o transparente. E eu ali, flutuando no ponto que não existe no meio.Eu não existo?eu existo.Eu sou transparente?eu sou transparente.E eu tô parada, tentando existir. Mas só meus pensamentos parecem existir para me atormentar no meio do não existe.Mas se nem a minha cabeça existe,de onde eles saem, pra onde eles vão?E de onde saem essas minhas tantas perguntas aqui?
Aqui . (No ponto) . Parece que só existem meus pensamentos tortuosos e transviados e o Caetano. O Caetano nunca mais parou de cantar no lugar que não existe.Canta também uma dor que não existe mas que, no meio do nada, enche meu peito de angústia.
Todo mundo foi embora e eu fiquei aqui. Em um lugar que não existe, no meio, em um ponto.flutuando,
mas nada disso existe.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

F o i...




Foi Caetano, foi Rio, foi lago, foi Lapa, foi Rural, foi um amor por Barra Mansa, foi mãe,foi amizade, foi saudade, foi Largo,foi criança, foi paixão, foi Mutantes, foi floresta, foi capitu,foi esfiha com açaí,foi figueira,foi piano, foi fugir de casa, foi retiro espiritual,foi Vassouras,foi Antropologia,foi descoberta,foi pedra, foi dor,foi Morada Universitária, foi biologia, foi ciências sociais,foi linha amarela, foi medo,foi angústia, foi desejo,foi negro,foi sonho, foi filtro dos sonhos,foi mato cachorro e gato, foi falta d’água,foi vinil, foi ônibus, foi ônibus, foi ônibus,foi óculos vermelho, foi rosto vermelho, foi unha vermelha, foi vermelho, foi vermelho,foi pérola, foi banheira,foi Rocinha,foi presente,foi pai,foi louça,foi crise de identidade, foi sem razão, foi excesso de emoção,foi mangueira de gás,foi palavra, foi letra, foi cor, foi cor,foi literatura francesa,foi bolinha de queijo grudada na parede,foi Direito ou foi justiça?, foi Wilson Simonal,foi cerveja, foi cerveja, foi encontro, foi desencontro, foi Cinelândia, foi Santa Teresa, foi bonde,foi você, você, e você, foi ou não. Obrigada.

Foi o meu mil novecentos e sessenta e oito no ano dois mil e nove.
Foi o meu ano que não terminou, e nunca mais vai terminar.
Esse foi o meu ano da revolução. Das loucuras. Dos delírios. Das cores. Dos berros. Dos nervos.Das recompensas.Das manias. Das noites.
Esse foi o ano de me (re)conhecer. De me perder e de me achar. De partir e de ficar.
Esse foi o ano de ficar normal, ou anormal.
Esse foi o ano de
ser
(tudo)

domingo, 20 de dezembro de 2009

Novos Baianos Velhos




"Mais perto do seu som. No seu mundo sobreterrâneo.
À beira do abismo. Por fora de "ismos". Na porta. Varrendo o terreiro. Lavando os pratos como quem faz música. Sem prantos, na fonte, na boca da criação.
Na terra, moramos num sítio.O cantinho do vovô. Tudo como no sonho do meu avô. O sonho do homem - baiano 100%: a casa cobre da chuva, na rua me faço, me vivo e levo você. Na rua me mato tranqüilo, porque não sou menino. A bola já está comigo e os dois beques colados às minhas costas me obrigando ao drible. Eu vivo disso, sou garrincha por convicção. Sou Tostão pra não me machucar. Não há filosofia além disso, só o novo. O criado em cada minuto. E não tem dois tempos pra quem anda. A dúvida tem só a direção de um lance. Ser junto, ser mais de dois (o sonho dourado da família). Encontro constante e continuado com o fiozinho de nada que é você. E chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar o seu valor.

Viemos de uma geração velha, cansada de guerra. E crescemos sob os fluidos da brincadeira de bandido e artista, tela e palco. Somos de depois da guerra. Nem a soma nem a diferença. Somos depois de todos os papos alguém no meio da rua. "Eu peço a palavra". Alguém no meio da rua, sem autorização nenhuma, cumprindo a sua. Resolvendo ao seu redor e por dentro. Tinindo e Trincando. Alguém tem que segurar a barra. Agora mesmo eu não sei se despejo a casa dos marimbondos da minha casa.
Ontem, uma muriçoca me mordeu no braço e com o outro ia matando-a, mas o consciente me disse: num é nem defesa própria. Mesmo assim matei, sem ódio, por medo. Com os marimbondos, vou experimentar diferente. Vou ser brasileiro. Só vou fechar depois de roubado. Ou baiano passando pelo buraco do ladrão na maior.

Bom é acordar com o som dos passarinhos e depois o violão. Olhe a batida de Moraes Moreira, que não é de limão...

...Nos dizemos as coisas pra nós mesmos e vamos nos dizendo até não nos lembrarmos mais. Só sabermos.”

domingo, 13 de dezembro de 2009

O que eu mais queria na vida era ser dessas moça que se embola no lençol no ar.
Que lindeza que eu acho desde menina, quando o circo dava em aparecer na cidade e já vinha só aquela moça.
Tudo bem que o circo trazia beleza por demais, mas o que me prendia a vista mesmo era a mulher no pano.
Dia de circo, eu ia pra modo de ver a festa toda que tinha.Via palhaço e cuspidor de fogo e, nesse dia, aparecia até retratista!... Mas eu queria mesmo era ver a moça do tecido de cor.
Ela chegava com um sorriso que parecia até modo de ter sido pintado na cara feito aquela pintura todo nos ólho. Sorriso mais lindo, sorriso que gente daqui nunca haverá de ter. A moça chegava mesmo desse jeito do feitio de bailarina,mas sem ser. Umas roupa também de cor e de brilho. Ela vinha de um jeito meio que leve na ponta do pé que não cai.
E depois de tanta forma delicada, era de um jeito violento que eu nem achava que havia de caber naquele corpo, que ela pegava o tecido. Ia se trançando toda e nadando pra cima se embolando se abraçando e quando eu dava por mim a moça já tava lá no topo. E quando eu via, ela ficava no ar feito borboleta mesmo.
Borboleta-gente. Borboleta-moça.
Lá ela se revirava toda em sorriso. Não sei o que dava. Por vezes,ela parava em pose de bailarina no ar, ou era fada que se confundia com flor. Mas a moça fazia tanta cor, mas tanta cor,
que eu nem sei mais se no céu era balão ou moça-borboleta.
Mas então, o momento que eu mais gostava mesmo, e por conta disso que fui querer ser moça de tecido do circo, era quando ela trançava as perna e se punha a girar no ar, presa nos pano, como de modo que parecia que tudo ia soltar e ela ainda sim continuaria girando, feito um prego colorido.Nem dava pra ver a cabeça da moça,
ela desvirava de ser gente ali.
Desvirava pra viver de ser prego.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Para quem sai de casa.

-Maneira a sua pulseira!

-Comprei em Ilha Grande. Essa e uma outra, mas aí, a outra arrebentou e, como moro sozinho, não tenho ninguém para amarrar de novo para mim...

-Esse é o cúmulo da solidão, cara.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Felicidade Clandestina

Descobri que preciso ficar sozinha.Sozinha mesmo, de verdade.
Sem as mulheres do vagão das mulheres.Sem alguém em casa.
Sem pensamentos na cabeça pra colocar no papel.Sem estudos.
Sem os velhinhos do jardim do museu.
Sem os floristas do Largo do Machado.
Só-zinha. Só-eu. Eu e eu. Só.
Sem imagens.Sem conversar com cores.
Quero o branco, o vazio, o nu.

Quero ficar cega, surda e muda para poder ficar sozinha.

Sem cérebro, para poder ficar sozinha.

Não é nada questão de tristeza, muito pelo contrário.
É pra poder dividir com menos gente essa alegria que sinto.
Só dividir comigo. De Isabela para Isabela. E só. Sozinha.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Janela

Às vezes, a única coisa que quero na vida
é um lugar para apoiar os cotovelos
enquanto vejo o mundo.

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