Frederico morria de vergonha porque o pai era palhaço de um circo sem futuro.
Quando bem pequeno, o menino até se divertia com o fato.Tinha sorriso de graça quando queria. Era bem divertido ver seu pai chegando colorido em casa.
Com o tempo, Frederico começou a querer que o pai fosse mais preto e branco, vestisse cinza e formas retas, mas isso não fazia parte do homem que, ao notar a vergonha do filho, via ser desenhado em seu rosto de palhaço uma lágrima de pasta d`água.
Frederico cresceu e foi embora vestir cores neutras, falar manso e não contar pra ninguém que tinha um pai que vestia um sorriso pintado, estampas e risadas pra comprar o pão.
Um dia, o filho soube que o seu velho estava no leito de morte e pra lá correu.
Vendo aquelas rugas, antes escondidas por máscaras de sorriso, deitadas na cama de hospital, Frederico se desesperou.
Dentro do homem que foi menino cinza bateu um ódio ao cinza, ao discreto, ao neutro.
Sentia lágrimas lavando todo o seu corpo nojento que cheirava envelope de papel pardo.
Frederico tirou a gravata, jogou o paletó na cadeira próxima e disse:
-Pai, me ensina a ser palhaço?
(Inspiração : Palhaço do circo sem futuro- Cordel do Fogo encantado)
segunda-feira, 23 de março de 2009
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