Eu cheguei à esquina quando vi meu ônibus parado no ponto.
Imediatamente, apressei-me puxando a pesada mala de carrinho e carregando curvada a mochila de toneladas. Duas semanas longe de casa e da comida de Amélia.
Acontece que, quando fui atravessar a rua, pra ficar desesperada e quase ser atropelada pelos carros da pista onde moro, veio um fumacê, assim, bem do meu ladinho!
Toda a névoa branca com cheiro ruim embaçou minha visão de qualquer ônibus e qualquer carro. Eu entrei no meio da fumaça toda, engolindo, tossindo e fazendo uma mulher má, que estava na calçada, rir para mim, ou de mim.
Mas o ônibus se foi. Claro que não deu tempo.
Mas não era aquele que eu ia pegar mesmo, apesar de que daria para pegá-lo também!
Acontece que fui pro ponto então.
Esperei um bem pouquinho quando vi um possível meu ônibus se aproximando.
Acontece que entrou um outro ônibus na frente, tampou minha visão e minha chance de dar sinal pro motorista que, claro, foi embora e me deixou pra trás.
Ódio.
Tinha um cara no ponto que sabia que eu ia pegar aquele, que sabia que eu estava esperando e já tinha perdido um. Nem pra dar sinal pra mim, nem pra me mandar gritar, nem pra me avisar que aquele era o meu ônibus.
Mundo hostil,” o mundo todo é hostil.”
Que raiva.
É aí que começa minha divagação interessante.
Naquele ponto de ônibus, da cidade pouco bonita, eu tive tanta raivinha que comecei a delirar.
...Imagina se quando aquele ônibus idiota e verde tivesse parado na frente do MEU ônibus, eu tivesse pegado minha mala de carrinho e começasse a socar, socar, socar muito a lataria do grande carro.
Iria desgovernadamente amassando toda a lateral daquela condução verde ridícula. Quebraria os vidros, surtaria e o mundo conheceria minha ira.
Depois, pegaria o resquício de força e iria numa voadora atroz em direção àquele que não me deu notícia que meu ônibus chegava. Iria até ele voando com meu carrinho, minha arma branca, nas mãos, direto e pá, na cara dele, até ele cair para trás como em desenho animado.
Incrível!
Depois eu cairia, exausta de tanta raiva e revolução interior, cairia por sobre minha mala e mochila e dormiria um sono tranqüilo e calmo de quem fez uma excelente catarse...
Ainda bem que existe a imaginação!
sábado, 18 de abril de 2009
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