domingo, 19 de abril de 2009

meu(s) primeiro(s) amor(es)

É verdade que nunca nenhum rapazote bateu em minha porta pra pedir ao pai pra me namorar.
Também sei que é verdade que, na escola, os meninos me escolhiam pra ser castigo pros outros. “Quem errar o chute, vai ter que beijar a Denise”
Claro que eu sofria.
(...)
Sempre sonhei que um moço ia aparecer na minha janela, aquela na qual eu fico todos os dias à tarde, e ia me levar daqui. Cidadezinha ruim essa!
Ele ia chegar da capital e ia ter roupa engomada.
(...)
Pois que um dia apareceu uma cigana aqui no fim de mundo, eu fui escondida de minha mãe até a velha que botava carta da sorte.
Cheguei lá e a mulher disse que se espantou com a minha feiúra!
“Faz mal não, já acostumei, coloca logo carta, mulher!”
Foi que a cartomante fez a boca em formato de O quando viu minha sorte.
Disse que não acreditava e ia tirar de novo. Fiquei foi bem curiosa.
Deu o mesmo destino. Mesma carta.
“Mas é claro, destino não se muda, dona cigana!”
A mulher disse assim que na carta falava que iam aparecer muitos homens na minha vida, todos embaixo da minha janela.
Saí de lá e fui direto à Casa de Perfumes. Comprei água de colônia, talco e maquilagem.
Pois foi que passei a chegar toda tarde na janela como fazia antes, mas agora, aprumada!
Demorou um pouquinho, mas a profecia se concretizou.
Foi ontem, eu tava com o cotovelo já doendo de parapeito de janela quando ouvi os primeiros acordes!
Quando vi, eram vários homens me querendo!Todos rindo e tocando instrumentos para mim!
De certo que a cidade toda se chegou na janela, mas eu já mandei avisar pra fofoqueira que aquela música toda fora para mim, uma serenata dos meus homens!
Hoje já coloquei vestido novo pra esperar a volta deles, pode ser que fiquem mais tempo embaixo da minha janela dessa vez!

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