terça-feira, 12 de maio de 2009

São Paulo, 12 de maio de 2009

Prenda minha,

Te escrevo da capital.
Aqui se faz bonito, principalmente de manhã no cedinho, quando olho a cidade grande amanhecendo aqui do alto da construção que tô fazendo serviço.
Chego e ainda é noite, subo e páro pra ver o sol amarelo que começa a aparecer no meio de tanto prédio.Quando eu te trouxer pra cá, preta, você vai ver como que tem prédio junto, faz com que parece casa de passarinho, sabe?
Mas fico olhando essa lonjura toda de cidade, de terra e de gente e me alembro de você, minha nêga.
Terminando esse serviço, vou pegar o dinheiro todo e voltar praí.
Pode mandar sua mãe preparar aquele vestido bonito branco que é pra você se ajuntá mais eu.
Fica tranquila que eu vou falá com seu pai nos conforme, não se avexe não.
Pode separá umas pedra bonita de se colocar na orelha.

Todo dia,quando acaba o expediente aqui, eu penso que é menos um dia que falta pra eu voltar praí, te ver vestidinha como aquela foto que eu via de pequeno, da minha mãezinha toda vestida de branco mais meu pai. Te ver com aquele véu igual de santa de capela, todinha minha, prenda!

Se aprepara, pequena, que eu tô chegando aí pra te trazer junto de mim.
Aqui você vai ver um monte de gente arrumada, cheirando mais perfume do que a loja da dona Ieda chêra talco. Vai ver um tantão de coisa bonita. Já vejo até seu sorriso bobo de mulher que não sabe falar, toda espantalhada, que nem eu mesmo fiquei!

Vamô fazer uma casa nossa aqui e ter um cachorro chamado Fubá.
Depois vem as criançada toda, menina bonita quem nem você mesmo...vai ver só.

Te acalma o coração que eu já vô chegando.
Um chêro,

Casimiro

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