sábado, 3 de outubro de 2009

Largo das Neves.

Eu quero uma casa verde em Santa Teresa com uma nêga de gesso apoiando a cabeça nos braços gordos e pretos e sorrindo na janela.
Eu quero uma casa verde em Santa Teresa e subir pro Largo das Neves pra odiar os pombos enquanto leio jornal e as bandeirinhas que balançam e as bandeirinhas são de outras Juninas.
Eu quero uma casa verde em Santa Teresa.
Casa antiga e larga, pé direito alto e bem arejada de varanda eu vou ver a vista.
Quando tiver tempo vou descer de bonde. Eu sempre tenho tempo e o bonde é amarelo. O Largo dos Guimarães é uma beleza e aquele povo todo que saiu de outra década vem morar perto de mim.
Eu quero uma casa verde em Santa Teresa e enquanto o bonde passar por de cima dos arcos da Lapa eu vou ver por cada fresta de janela desse Rio de Janeiro a casa de cor do pobre do Centro.
Eu quero uma casa verde em Santa Teresa que é pra enquanto o bonde passar por de cima dos arcos da Lapa, eu vou rezar por cada menino magro de fome e barriga de verme que se torce na camisa e cheira cola pra se alimentar eu vou rezar.
Eu quero uma casa verde em Santa Teresa com árvore de fruta e um cachorro chamado Fubá.

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