sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Displicência

Quando a vi se chamar por Teresa, parecia haver uma visão de coisa fora do mundo.
Quando a vi assim, de outono, como quem chega de cambaleio (coisa de quem se perde),
vi que precisava escrever.

É preciso escrever alguma coisa sobre pele.
Sobre qualquer coisa como uma displicência no jeito que gera uma beleza.
Eu não sei sobre esses dias que se dá na mulher
Essa coisa da fêmea de ficar meio tom pastel.
É preciso escrever alguma coisa sobre um jeito de andar meio lunático
Meio absorto em qualquer coisa que transcende, meio nuvem.
É preciso que se tenha uma beleza meio fora, meio ausente, meio
De quem se evapora
Estou vendo muita beleza nessa coisa toda de quem é.
Há de se escrever alguma coisa sobre displicência.

Teresa bonita, antes ligada, intensa, cheia de coisa com cor, alguma coisa a ver com sol e malemolência. De repente, Teresa meio pálida, meio displicente. Uma Teresa bonita, meio avulsa, meio volúvel, meio efêmera. Como se tivesse de pegar Teresa pela mão, se não pega, ela voa. Teresa pode me escapar toda, meio névoa.

Há de se ter essa beleza. Uma beleza de Teresa, uma beleza meio reticências, meio olhos no céu, meio displicente. Uma beleza meio erguida na melancolia. Qualquer coisa de triste.

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