O que eu mais queria na vida era ser dessas moça que se embola no lençol no ar.
Que lindeza que eu acho desde menina, quando o circo dava em aparecer na cidade e já vinha só aquela moça.
Tudo bem que o circo trazia beleza por demais, mas o que me prendia a vista mesmo era a mulher no pano.
Dia de circo, eu ia pra modo de ver a festa toda que tinha.Via palhaço e cuspidor de fogo e, nesse dia, aparecia até retratista!... Mas eu queria mesmo era ver a moça do tecido de cor.
Ela chegava com um sorriso que parecia até modo de ter sido pintado na cara feito aquela pintura todo nos ólho. Sorriso mais lindo, sorriso que gente daqui nunca haverá de ter. A moça chegava mesmo desse jeito do feitio de bailarina,mas sem ser. Umas roupa também de cor e de brilho. Ela vinha de um jeito meio que leve na ponta do pé que não cai.
E depois de tanta forma delicada, era de um jeito violento que eu nem achava que havia de caber naquele corpo, que ela pegava o tecido. Ia se trançando toda e nadando pra cima se embolando se abraçando e quando eu dava por mim a moça já tava lá no topo. E quando eu via, ela ficava no ar feito borboleta mesmo.
Borboleta-gente. Borboleta-moça.
Lá ela se revirava toda em sorriso. Não sei o que dava. Por vezes,ela parava em pose de bailarina no ar, ou era fada que se confundia com flor. Mas a moça fazia tanta cor, mas tanta cor,
que eu nem sei mais se no céu era balão ou moça-borboleta.
Mas então, o momento que eu mais gostava mesmo, e por conta disso que fui querer ser moça de tecido do circo, era quando ela trançava as perna e se punha a girar no ar, presa nos pano, como de modo que parecia que tudo ia soltar e ela ainda sim continuaria girando, feito um prego colorido.Nem dava pra ver a cabeça da moça,
ela desvirava de ser gente ali.
Desvirava pra viver de ser prego.