domingo, 16 de outubro de 2011

Dia de estufa

O dia acordou quente em Copacabana. Quente sem sol. Nublado, abafado. Um dia que o dia tá de mau humor em plena sexta, um dia que o dia tá de saco cheio.
O dia acordou abafado em Copacabana, de um jeito denso que, logo cedo, parecia que enquanto eu andava, as nuvens estavam cá pertinho da minha cabeça, me sufocando sem dó. Dia insuportável. Na chegada a Central do Brasil eu vi muita gente desembarcando. Três escadas rolantes cheinhas e mais uma porção esperando pra subir o degrau. Na volta eu vi muita gente embarcando, toda aquela gente toda de mais cedo. Gente me sufoca como nuvem em dia denso.
Só me deu vontade de escrever porque eu pensei nesse verso quando parei pra pensar o dia: O dia acordou quente em Copacabana.
Hoje eu cheguei a Barra Mansa. Aqui também tá quente. Eu gosto daqui, mas tenho achado muito feio, como não percebia antes. Desculpa.
No meu quarto aqui, eu vejo uma porção de frases que escrevi um dia na parede. Ali vejo um pouco do que fui: alguém com mais versos do que falar sobre o tempo. Falava de poesia que desaba por dentro, falava de que não seria nada, falava qualquer coisa de sonho, de verso, de gente. Hoje falo de tempo.
E falar do tempo é falta de assunto.

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