quarta-feira, 16 de junho de 2010

Mulher

Ele chegou sem perguntar meu nome.Apertou meu braço, me apertou toda. Não perguntou meu nome, nem função, nem nada.Ele chegou e resmungou sede e fome, bateu na mesa, pediu engrossado e comeu tudo ali na minha frente.Comeu como quem desbrava terra,abrindo, matando.Ele chegou sem perguntar meu nome e,na primeira noite, deitou ao meu lado.Ele chegou, me apertou, não perguntou minha função, resmungou e na quarta noite eu já dormia no chão e ele na cama.Ele chegou e me fez três filhos, bateu na minha mesa e pediu a janta, chegou tonto de botequim.Ele fede a cachaça cigarro mulher obra caminhão estrada suor.Não tirou retrato,não deu função aos meninos, não me acompanhou na missa nem na procissão.Ele chegou tomou minha cama, minha casa me fez três filhos ficou velho saiu voltou e ainda não perguntou meu nome minha função, nem nada.

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