quinta-feira, 17 de junho de 2010

E, enquanto você falava, percebi que no seu braço esquerdo moravam cinco pintas pequenas dispostas em posições aleatórias e, aos poucos, percebi que elas formavam exatamente dois triângulos quase do mesmo tamanho.E eu, que nunca gostei de matemática, comecei a desenhar triângulos em você, enquanto você falava.Sei que seria mais bonito se eu desenhasse sorrisos, ou flores,mas talvez por falta de poesia eu só visse triângulos.Primeiramente, eu só havia visto quatro, e fiquei desenhando apenas um, com a quase triste sobra de uma pinta.Depois, por conta de você se virar rapidamente ou se mexer, eu vi que havia mais uma e, apesar de você estar brigando comigo, fiquei um pouco feliz, ou não diria feliz mas, sei lá, com uma sensação de enigma realizado.Agora, eu conseguia desenhar dois triângulos enquanto você falava.Foi assim que percebi que vivemos como em um filme.Em minhas lentes cinematográficas cor de marrom dos meus olhos, eu gravo cada detalhe.É como se a todo momento em que ali estou, eu estivesse decorando cada palavra, gesto, riso e cheiro,ou linhas e pintas do seu braço esquerdo.Decorando para visitar mais tarde, um dia, nos meus pensamentos.
...E assim vou vivendo,a te desenhar triângulos pelo corpo,enquanto você fala.

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