sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Eu estou mesmo mobilizada por uma tristeza única, de música suave.

Escrevo agora pela angústia que me toma o peito.
Ainda me preocupo muito com o envelhecimento dos meus óvulos enquanto o mundo gira.
Uma mulher que sonha ser mãe e sonha mais.Sonha um mundo.
Enquanto eu fico sonhando, espero a hora de partir. Enquanto eu fico fantasiando coisas que só existem para mim, o mundo continua existindo e eu não me dou conta.
Vivo encenando uma vida só minha, sem público, sem platéia. É triste. Choro. Escrevo para me desafogar. Não sei quem lê. Só sei dessa minha angústia em querer assistir o mundo de fora.Só sei desse meu medo de viver e, ao mesmo tempo, essa vontade louca de tê-lo todo sobre meu domínio.Desvendar cada canto dele,só,sozinha, e acompanhada.Não sei bem do que falo e, nesse momento, as coisas se confundem. Os papéis, os idiomas, as cenas. Acho que hoje não é um dia bom para mim. É dia de fazer o carro morrer.Não são os hormônios.
Eu estou mesmo mobilizada por uma tristeza única, de música suave.
Ouço uma menina chorando de soluçar dentro de mim e não a consigo encontrar.O choro me persegue e eu preciso achar esse fio de choro pra entrar nesse ritmo e me desafogar, junto com a menininha.

Vim parar no mundo sendo menina com um olhar triste.
Desde menina, um olhar triste.
Com o tempo fui aprendendo. Aprendi a me fantasiar.
Então foi assim. Aprendi a acordar e vestir a fantasia como fosse mesmo um personagem.Assim, dia por dia, vestindo uma fantasia pra viver cada vida.
O colorido e as flores vem como uma forma de desviar a atenção de quem vê aqueles olhos que são tristes. Aí vem o cabelo comprido que enlaça, embaraça pra distrair e dar a intenção de leveza. Tudo calculado para parecer e disfarçar os olhos.
Os olhos. O olhar triste.
...Mas há dias em que a fantasia não cabe.

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